Bobby Charlton: melhor jogador da Europa em 1966, símbolo do Manchester United de 1954 a 1973. Pela seleção, de 1958 a 1970, foi quem melhor envergou a camisa do English Team.
Boby Charlton nasceu em Ashington, cidade famosa por sua minas de carvão. E desde criança começou a se envolver com futebol. Em 1953, com 15 anos, foi descoberto em um amistoso entre equipes escolares de Northumberland por Joe Armstrong, olheiro do Manchester United que tinha como objetivo garimpar futuros talentos para, Matt Busby, o então técnico do time na época. No ano seguinte, já estava no time profissional.
Estreou no time profissional com 18 anos, fazendo dois gols. O adversário, por ironia chamava-se Charlton. Na temporada seguinte, foi um dos destaques do time que conquistou o Campeonato Inglês com 64 pontos, com oito de vantagem para o segundo colocado Tottenham. Charlton marcou 10 dos 103 gols do time.
Em 6 de fevereiro de 1958, aconteceu um dos fatos mais tristes da história do futebol. A delegação do Manchester retornava de avião para a Inglaterra após se classificar para as semifinais da Liga dos Campeões da UEFA, ao empatar em 3 a 3 com o Estrela Vermelha. Mas o avião, um Airspeed AS-57 da British European Airways, em sua terceira tentativa de decolagem após uma aterrissagem para abastecimento, não consegue alçar voo e bate em uma colina próxima à pista do aeroporto internacional de Munique Riem. Das 44 pessoas na aeronave, 23 morreram em decorrência do acidente, entre eles o atacante Duncan Edwards, de 21 anos, o mais promissor da nova geração inglesa.
Dos sete sobreviventes estavam Boby Charlton e o centroavante Dennis Viollet. Os dois trocaram de poltrona com os companheiros Tommy Taylor e Daviud Pegg, que tinham ficado muito nervosos com as três tentativas prévias de decolagem abortadas. Se sentiam mais seguros se estivessem no fundo do avião. Ao tentar decolar, a aeronave bateu numa cerca e caiu. Chartol e Violett foram atirados ao solo ainda presos nas poltronas.
Depois de alguns meses da tragédia e ainda tentando esquecê-la, Charlton fez sua estreia pela seleção num jogo contra a Suécia, que terminou com a vitória do English Team por 4x0. Mas em marcar, Bobby teve uma ótima atuação que garantiu sua presença na Copa do Mundo de 1962, disputada no Chile. Bobby foi titular nos quatros jogos da seleção naquele mundial e marcou um gol na vitória por 3x1 sobre a Argentina pela fase de grupos.
No ano seguinte, 1963, conquistou sua primeira taça com a camisa dos Diabos Vermelhos sendo titular e um dos pilares do time. Foi a Copa da Inglaterra, vencendo o Leicester por 3x1. A temporada seguinte, 1964-1965, era ainda mais promissora. Com George Best e Denis Law, que tinham sido contratos em 1960, já estavam mais adaptados e, junto a Bobby Charlton, conduziram o United a naos gloriosos.
Naquela temporada, o time conquistou o Campeonato Inglês no saldo de gols. Com 26 vitórias, nove empates e sete derrotas em longos 42 jogos, o time foi campeão inglês graças à média de gols, pois o Leeds United, que terminou com a mesma pontuação. Os Diabos Vermelhos marcaram 89 gols e sofreu 39 contra 83 gols pró do Leeds e 52 sofridos. O título inglês veio junto com o caneco da Supercopa da Inglaterra, quando a equipe dividiu o título com o Liverpool após empate em 2 a 2. Campeão nacional, o Manchester ganhou o direito de disputar a Liga dos Campeões da UEFA de 1965-1966. Na temporada seguinte, o time priorizou a Liga dos Campeões e não conquistou nehum título nacional. Na competição internacional, o time caiu nas semifinais para o Partizan após perder por 2 a 0 o primeiro jogo e vencer por apenas 1 a 0 na volta.
1966 era época de Copa do Mundo e a Inglaterra, mais uma vez, se sentia na obrigação de ganhar, afinal, foi ela quem inventara o futebol em 1893 e, até aquele ano, não soubera muito bem o que fazer com ele em nível planetário.
E foi logo na Copa que Bobby Charlton alcançou seu auge, onde jogou todas as seis partidas e marcou 3 gols. Foram gols decisivos. O primeiro foi contra o México, ainda na Primeira fase. Depois de um bom começo e uma quartas de finais com jogos sem muitos sustos, o time chegou à semifinal. O adversário? A seleção portuguesa, que contava com o craque Eusébio, um dos melhores do mundo naqueles anos e que tinha marcado oito gols nos quatro jogos anteriores. Num contragolpe, aos 31 minutos, belo lançamento de Wilson para Hunt, que ganhou na corrida do zagueiro Batista, bateu na saída do goleiro José Pereira e, no rebote, Bobby Charlton abriu o placar. Já no segundo tempo, aos 34 minutos, Charlton amplia o placar em bobeada da zaga lusitana.
A final foi contra a Alemanha. E, mas uma vez, o nome do jogo foi Bobby Charlton, mesmo sem fazer gol. A vontade de levar o inédito título para casa era tanto que aceitou a ideia do técnico Alf Ramsey, de mais marcar Beckenbauer na final do que fazer seu jogo. No 4-4-2 usado na Copa, Charlton jogava no meio, junto com Stilles. Mais abertos, como meias-extremos, jogavam Ball, na direita, e Petrs, na esquerda.
O placar do jogo foi 4-2 para o English Team, com Charlton passando em branco em gol, mas nem por isso deixou de ser reconhecido pela humildade de se doar pelo time. E isso o fez ser ainda mais respeitado pelo seus companheiros. E também pelos rivais.
Após a Copa, recebeu a Bola de Ouro da revista France Football e da Fifa graças à campanha inglesa, que terminou com a conquista do título, sendo Charlton um dos grandes responsáveis.
Dez anos após o desastre aéreo de Munique, o Manchester United conquistou a Europa, conquistou a Liga dos Campeões da UEFA de 1967-1968. Depois de eliminar Hibernians, de Malta, Sarajevo e o Górnik Zabrze, e o Real Madrid na final. Na final, bateram o poderoso Benfica por 4x1 na prorrogação, no estádio Wembley. No jogo, Charlton marcou dois gols, sendo o grande nome daquela final, que também era o encontro com Eusébio, seu adversário na Copa do Mundo de 66.
Depois de conquistar a Europa, o time começou a cair de produção, com seu principais jogadores já não rendendo o mesmo de temporadas atrás, inclusive Bobby Charlton, que mesmo assim, aos 32 anos, foi convocado para a Copa do Mundo de 1970, disputada no México. Mas a seleção, mesmo com a mesma base que conquistou o título há quatro anos, não tinha mais seu principais jogadores no melhor nível físico e técnico. Mas ainda assim, só foram eliminados na semifinal para a Alemanha, num jogo que terminou 3x2 para os vice-campeões da última Copa. Essa foi a última partida de Charlton pela seleção, com 49 gols em 109 jogos.
Ao término da temporada 1972-1973, Bobby Charlton encerrou sua passagem pelo Manchester United, onde marcou 249 gols em 758 jogos, para assumir o cargo de jogador e técnico no Preston North End, onde ele ficou apenas até 1974, ano de sua aposentadoria do futebol aos 37 anos. Na Inglaterra, pode haver alguma dúvida se Bobby Charlton foi o maior jogador de todos os tempos, mas para o resto do mundo, não. A forma com que comandou a seleção inglesa na Copa do Mundo de 1966 ficou marcada.