História

terça-feira, 18 de junho de 2013

O futebol também tem a ver com as manifestações



O Brasil acordou. Em época de Copa das Confederações e preparatórios para a Copa do Mundo de 2014, o Brasil está sendo notícia em todas as partes do mundo. O Brasil vive uma onda de protesto, que tiveram como primeiro motivo, o aumento das passagens de ônibus em São Paulo. Mas, agora, os protestos são contra tudo que o governo (inclui todos os partidos políticos), fizeram e estão fazendo. Ou melhor, não estão fazendo.

Até pouco tempo, o brasileiro era considerado um povo acomodado, que só reclama pelas Redes Sociais - o que é mentira, já que todas as conquistas que conseguimos até hoje, foram com muita luta. Um lugar perfeito para políticos fazerem o que bem entenderem. Mas, nos últimos dias as coisas mudaram. O povo agiu e foi para as ruas. 

O que me chamou atenção, além das cidades tomadas por pessoas que querem um lugar melhor para viver, são as declarações de pessoas ligadas ao meio político do futebol.

José Maria Marin, político desde a Ditadura Militar e acusado de participar da morte do jornalista Vladimir Herzog, e hoje presidente da CBF, também falou sobre as manifestações: "Seria preferível que toda a atenção estivesse voltada exclusivamente para o futebol e acho que esse é a preocupação de grande parte do povo brasileiro". 

Outro que abriu a boca para falar asneira, foi Marco Polo Del Nero, vice-presidente da CBF, disse: "O povo brasileiro é tranquilo. E vai entender que a Copa é um evento mundial. Tem que falar para o Brasil coisas positivas do Brasil. Fazer a torcida gritar: Brasil, Brasil, Brasil". 
O que dá para ver nas duas declarações é que, os dois querem passar uma imagem falsa do Brasil para o resto do mundo. Querem passar uma imagem de que tudo está bom. Passar uma imagem de que somos um país de primeiro mundo e de que nos preocupamos, única e exclusivamente, com o futebol, que é o que dá dinheiro aos dois. 

O presidente da Fifa Joseph Blatter, também resolveu dar um pitaco sobre as manifestações e as vaias que tomou na abertura da Copa das Confederações. E dentre outras coisas, disse, que "quando a bola rolar, as pessoas vão entender e isso vai terminar". Bem, ele simplesmente tratou o povo brasileiro como bichos, que dão preferência a um jogo de futebol e, com isso, esquecem dos problemas na saúde, educação, segurança, transporte público, etc. 

Mas nenhuma declaração foi mais medonha e  medíocre, do que a do Ronaldo. Jogador que já foi campeão mundial com a seleção e hoje é usado como escudo dos dirigentes da CBF, o "Fenômeno" disse que "Copa do Mundo se faz com estádio, não com hospitais". Então, quando se lesionou, ele foi se recuperou num estádio ou num hospital? 



Ao contrário dos que as declarações acima, hoje, o futebol não é mais o ópio do povo. O povo acordou e está mostrando toda sua indignação com tudo que está sendo feito, como investir bilhões de reais em estádio, enquanto a área de saúde -perdão pelo uso do palavrão- está uma merda. Entregaram o país à Fifa, deixando ela fazer o que bem entender.Esse exaltam tudo de bonito que é feito para a Copa do Mundo, e tentam esconder a realidade por debaixo do tapete. 

A prova de o futebol não é mais o ópio do povo, foi em nessa segunda-feira (17), em Belo Horizonte, quando pouco mais de 20 mil estiveram no Mineirão para assistir Taiti X Nigéria, abertura da Copa das Confederações na capital mineira. Enquanto isso, nas ruas de BH, 25 mil pessoas estavam protestando.

Enquanto vemos as famosas arenas modernas, que dão o máximo conforto possível aos torcedores, vemos pessoas nos hospitais, em várias partes do país, pedindo socorro; vemos escolas com nível de ensino fraco; vemos assaltos e mortes o tempo todo, graças a fraca segurança; e políticos corruptos não sendo punidos. Perto disso, os vinte centavos não são nada. 

Mesmo com algumas cenas de violência, as manifestações tem se destacado pela passividade. Está dando orgulho de ser brasileiro, vendo muitas pessoas que, como eu, ainda acreditam num país melhor, e que estão lutando por isso. 

Depois de anos de inércia, sofrendo com humilhações e maus tratos, o povo acordou para a realidade. 

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