História

domingo, 17 de fevereiro de 2013

A seleção magiar

No início dos anos de 1950, Gusztav sebes era o técnico da seleção Húngara, quando recebeu de presente do governo comunista da época, o poder de montar clubes, agendar amistosos e organizar campeonatos e convocar os jogadores quando e onde quiser. Tudo isso com o objetivo de ganhar um ouro Olímpico e uma Copa do Mundo. Durante o seu comando, a Hungria revolucionou o futebol técnica, tática e fisicamente. O título Olímpico veio, mas a Copa do Mundo...

Naquela época, o esquema mais utilizado era o 3-2-2-3, introduzido em 1925 por Hebert Chapman no Arsenal, era formado por: três zagueiros, dois médios defensivos, dois meias ofensivos e três atacantes. Em letras, o WM. O sistema era formado três zagueiros jogando em linha; dois médios defensivos, sendo um de cada lado; dois meias ofensivos; e dois pontas e um centroavante.
O 3-2-2-3
Mas Gusztav sebes queria mais, e para isso revolucionou o esquema britânico. Na defesa, recuou o médio defensivo esquerdo para a defesa. Com a defesa arrumada, recuou um dos meias ofensivos para fazer dupla com o volante que restou, assim, melhorava a qualidade do passe na saída de bola. No ataque, ele tinha o centroavante Hidegkuti que não era muito para disputar corpo com os zagueiros, então, resolveram recuá-lo para, assim, abrir espaços para a entrada dos meias Kocsis e Puskas.

O centroavante Hidegkuti foi recuado para armar o jogo e abrir espaços para a entrada dos meias Kocsis e Puskas
Foi com o recuo do médio defensivo para  a zaga que originou a denominação 'quarto zagueiro". Foi essa mudança que originou o 4-2-4 da seleção brasileira campeã do Mundo em 1958, num time que tinha Pelé, Garrincha e Didi. Outra grande revolução da seleção foi a intensa movimentação, jogadores não guardando posição, tática e condicionamento físico apurados e a marcação adiantada - muito parecido com o que viria a ser o "futebol total" que a Holanda apresentou na Copa do Mundo de 1974.

Gusztav Sebes também teve muita sorte em poder contar com uma geração brilhante tecnicamente, que era formada por Puskas, Czibor, Hisdegkut, Budai, Sandor Kocsis e o goleiro Gyula Grosics, o "Pantera Negra".

Querendo entrosamento, queria ver sus jogadores atuando juntos não apenas na seleção, mas também em clubes. Com isso, o governo criou o Honved (defensores da pátria, em húngaro), em 1949. No clube, jogaram Bozsik, Puskas, Lorant, Crosics, Budai e Kocsis. Atuando pelo Honved, era dever andar de farda, desfilar em paradas militares. Mas. como recompensa, não precisavam servir ao exército.



O primeiro grande show da seleção magiar, foi nos Jogos Olímpicos de Helsinque, em 1952. Cinco vitórias e uma média de quatro gols por partida. E no final, o ouro no peito. Naquele ano, foram dez vitórias, com 45 gols a favor e seis contra. Mas o jogo que ficou marcado foi  a vitória por 6 a 3 sobre a Inglaterra, em Wembley, onde já podia ser visto o 4-2-4 em ação.

Na Copa do Mundo de 54, a Hungria estreou aplicando um 9 a 0 na Coreia do Sul, que levou seis dias viajando de avião até  a Suíça, chegando apenas na véspera do jogo. Na segunda partida, enfrentou a Alemanha, que jogou com apenas seis titulares. O resultado? 8 a 3, fora o baile. Na terceira partida, enfrentou o Brasil, no jogo que ficou conhecido como "Batalha de Berna", onde a seleção canarinho perdeu na bola e na porrada. o jogo terminou 4 a 2 para seleção magiar.

Na semifinal, a Hungria passou pelo Uruguai, que era o atual campeão e tinha eliminado a Inglaterra na fase anterior. O jogo terminou empatado em 2 a 2 no tempo normal, sendo que a seleção celeste chegou a estar perdendo por 2 a 0. No primeiro lance da prorrogação, o Uruguai meteu uma bola na trava. Mas a Hungria continuou atacando. No segundo tempo, com dois gols de cabeça do ponta Kocsis, a Hungria espantou o que poderia ser um novo "Maracanazo" uruguaio e avançou para a final

Na final, era a vez de enfrentar a Alemanha, aquela que tinha sido goleada por 8 a 3. Com 10 minutos de jogo, parecia que a história iria se repetir. Com um gols de Puskas e outro de Czibor, a seleção magiar já vencia por 2 a 0.  Mas dois minutos depois, com falha do zagueiro Zakarias, a Alemanha diminuiu com Morlock. A Hungria sentiu o gol. Aos 17 minutos, depois de cobrança de escanteio, Rahn empatou a partida. A Alemanha jogando no 3-2-2-3 conseguia se defender bem e contra-atacar com eficiência. Depois do gol de empate sofrido, a Hungria passou a atacar ainda mais, chegando a acertar dois chutes na trave do goleiro alemão Turek.  Aos 38 minutos do segundo tempo, Rahn passou entre Lantos e Zakarias  e bateu de direita. Era o gol da virada. Pela primeira vez na Copa, a Hungria estava em desvantagem no placar.

A derrota na final da Copa de 1954, para a Alemanha, por 3 a 2, mudou tudo. A seleção só foi perder outra partida 18 jogos depois da final. Em 1956, Sebes deixaria o comando da seleção, depois de uma derrota, em casa, para a Tchecoslováquia, por 4 a 2. A seleção acabou em 1957, quando Puskas, Czibor e Kocsis saíram do país para jogar na Espanha, seduzidos pelo dinheiro.

Na Copa do Mundo do ano seguinte, perdeu para a Suécia, aplicou 4 a 0 no México e perdeu para o País de Gales, sendo eliminado na primeira fase. Da seleção que encantou o mundo, apenas Budai, Sandor e Hudgekuti faziam parte do novo elenco, que era comandado pelo técnico Lajos Baroti.

Mesmo com a derrota, a Hungria conseguiu o que poucos conseguiram e vão conseguir: entrar para história e ser mais lembrada que o próprio campeão.

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