História

sexta-feira, 1 de março de 2013

O príncipe do futebol


Conhecido com "Príncipe do futebol", Dirceu Lopes foi o grande nome na vitória do Cruzeiro sobre o Santo, de Pelé e Pepe, na final da Taça Brasil, em 1966, onde marcou três dos seis gols da vitória celeste por 6 a 2.


Natural de Pedro Leopoldo, Dirceu Lopes nasceu no dia 03/09/1946, e desde novo, ele já mostrava seu talento no futebol na rua, junto com seus colegas. Mas, por pouco ele não defendeu o Atlético. O Galo foi campeão Mineiro em 1963 e iria receber a faixa de Campeão num jogo contra o time de Pedro Leopoldo. Mas como sempre, tinha o jogo preliminar entre os times juvenis das duas equipes e Dirceu Lopes foi convidado a jogar pelo time da cidade. Quando acabou o primeiro tempo, Dirceu já estava pronto para ser substituído, até que o técnico da equipe atleticana pediu para que ele jogasse a segunda etapa, para poder observá-lo melhor.  No fim do jogo, o treinador atleticano perguntou se ele queria jogar no clube alvinegro, e Dirceu disse que sim. Isso foi na segunda-feira. Na quarta-feira, um dirigente do Cruzeiro o convidou para jogar no clube, e sem pensar duas vezes, Dirceu disse que sim. Assim começava a ser escrita a história do Príncipe do Futebol com a camisa celeste. 

Quis o destino que sua estreia fosse, justamente, contra o Atlético, em 1964, jogo que terminou 1 a 1- defendendo as cores do Cruzeiro, o "Príncipe do Futebol" já marcou 11 gols no Atlético. Foi seu primeiro jogo ao lado de Tostão. A cada jogo, Dirceu mostrava seu futebol de alta velocidade, dribles desconcertantes e chutes colocados, o que fez ganhar muito rápido o carinho dos torcedores cruzeirenses.

No dia 5 de setembro de 1965, Seleção Mineira e River Plate faziam a inauguração do Mineirão, e Dirceu Lopes deu o primeiro passe para o primeiro gol do estádio, que foi marcado pelo atacante Buglê. Isso com apenas 19 anos.

Não tem como falar de Dirceu Lopes e não falar do fantástico ano de 1966. O ano em que um time cheio de garotos parou o time de campeões do mundo. Era a final da Taça Brasil de 1966 e a final foi entre Cruzeiro e Santos. Depois de conquistar o Campeonato Mineiro daquele ano, onde foi artilheiro com 18 gols, Dirceu Lopes, ao lado de Tostão, Natal e Piazza, tinham como desafio enfrentar o Santos de Pelé, Coutinho e Pepe. 

O jogo tinha tudo para ser mais um show do time santista, mas em noite mágica, Dirceu marcou três gols e foi o grande destaque da partida, que terminou 6 a 2. No jogo de volta, Dirceu marcou mais um e o time celeste venceu mais uma vez, agora por 3 a 2. Depois daquela final, Dirceu Lopes passou a ser reconhecido e respeitado em todo o Brasil. Além de ter mostrado Dirceu Lopes, o jogo serviu para mostrar que também tinha futebol fora de Rio de Janeiro e São Paulo, que tinham toda a mídia da época.

Dirceu Lopes, Pelé e Tostão juntos após a final

Presente na maioria das convocações para os jogos antes da Copa do Mundo de 1970, que seria disputado no México, Dirceu Lopes teve uma péssima surpresa, quando descobriu que João Saldanha não seria mais o técnica da seleção Canarinho.O motivo? Bem, o presidente Médici fazia pressão para que Saldanha convocasse o atacante Dadá Maravilha, que defendia o Atlético-Mg, para a Copa de 70. Mas Saldanha não o convocou e, ainda, disse para o presidente do regime militar: "Trate de seu ministério que eu trato da seleção".

Zagallo seria o novo comandante. Com isso, Dirceu foi cortado da seleção dias antes da Copa, com o técnico alegando que já tinha "muitos jogadores para a sua posição". Na época, a seleção contava com Rivelino, Gérson, Pelé, Jairzinho e Tostão, seu companheiro de clube.

João Saldanha era um dos maiores fã do futebol de Dirceu Lopes, que durante o tempo em que comandava a seleção, o técnico afirmava para o próprio jogador que o time era ele e mais 10. Com ele, Dirceu sempre foi titular absoluto. Não importava a opinião da imprensa da época.

Ademir da Guia, ídolo palmeirense nos anos 60 e 70 disse que Dirceu Lopes merecia mais do que ele ir para a Copa do Mundo do México. Nessa mesma convocação, Zagallo foi, praticamente, obrigado pelo presidente Garastazu Médici a convocar o atacante Dadá Maravilha, o que João Saldanha recusou, o que explica sua saída da seleção, já que ele tinha ligações com partidos de esquerda e era totalmente contra a ditadura. 

Dirceu Lopes só voltaria a seleção integrando o grupo que conquistou a Taça Independência, em 72, mesmo assim não teve grandes oportunidades para mostrar seu futebol. Na Libertadores de 1976, onde o Cruzeiro foi campeão, vencendo o River Plate, Dirceu Lopes não participou porque estava lesionado. .

A carreira de Dirceu não teve só alegrias. No Mundial de 1976, Cruzeiro e Bayern de Munique se enfrentaram na final. Com Beckenbauer, Gerd Müller, Maier e Rummenigge, o time alemão era a base da seleção alemã, que foi campeã do mundo em 1974. Dirceu Lopes não jogou a primeira partida que foi disputada na Alemanha, onde o time celeste perdeu por 2 a 0. No Mineirão, mesmo atacando mais, o time celeste empatou em 0 a 0 e viu a equipe bávara comemorando o título dentro do Mineirão com mais de 100 mil torcedores.

Dirceu Lopes participou dos dois maiores times do Cruzeiro de todos os tempos. Nos anos 60, comandava o esquadrão azul junto com Tostão, Fontana, Natal, Piazza, Zé Carlo , Procopio, Hilton e Raul Plassmann. Nos anos 70, junto com Joaozinho, Palhinha, Nelinho, Jairzinho e Roberto Batata, Dirceu Lopes continuou dando show.

Dirceu Lopes na máquina tricolor

Dirceu Lopes, em 1977, depois de se recuperar de uma lesão no tendão de Aquiles, foi defender o Fluminense, que na época era chamado de "A Máquina  Tricolor" e tinha no seu elenco jogadores como Cesar Maluco, Doval, Rivelino, Marinho Chagas e Felix. Mas quando o Príncipe do Futebol chegou, o time já não vivia o seu melhor momento.

Dirceu Lopes ainda defendeu Flamengo e Uberlândia, mas em nenhum deles o Príncipe do Futebol conseguiu mostrar o mesmo futebol que apresentou defendendo as cores do Cruzeiro, onde disputou 601 jogos e marcou 223 gols. Hoje, Dirceu Lopes é dono de três escolinhas de futebol e secretário de esportes da Prefeitura de Pedro Leopoldo.


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